Opinião: Punhal de prata em coração de aço
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Parece que a vida é feita em espera.
Do amanhã, presente de Natal, do boletim escolar, da febre que não baixa.
É servil.
O que virá depois do pôr do sol.
Vem a lua e desperta
Meus sonhos e minhas lutas.
A luta é constante e sem destemor, menino descalço com medo.
Mas o que virá sem sonhos?
Os sonhos sobram na crença e na bondade divina.
Deus está aqui?
Amanhã há de ser melhor.
Muitas mãos calejadas, muitos olhos em lágrimas, muitos corações em destroços… mas amanhã há de ser melhor.
O que move isso, a fé ou o medo?
Ilusão da busca da felicidade.
Só sei que não se cresce sem o sofrer, não se torna melhor sem o sofrimento, ele é a temperança, é o fermento, estranho isso, mas é!
A dor e o sofrimento talvez sejam a ânsia de salvar-se, quão ao afogado em busca de uma mão.
O tempo vai em águas claras, lavando meus pés e deixando meus sonhos menos desacreditados e turvos.
Gosto de olhar para o céu, em busca, em gratidão e loucura.
Tudo é abstrato! O punhal de aço vil do homem travestido e enrolado em bandagens de cor azul, em busca de luz, esfaqueia aos que o ama pelas costas.
A esperança é para mim e para ele também, eu em busca do firmamento e ele pelas minhas costas.