Crônica: Faça já a sua assinatura

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: Faça já a sua assinatura
Manoel Gandra é poeta e jornalista




Pessoa agradável, Cazinho é o legítimo representante de jornais e revistas em Formiga. Quem quiser saber das coisas é só ir atrás dele que o cara faz a assinatura na hora.

Como é muito conhecido, Cazinho também é vítima de brincadeiras e gozações. Histórias tendo ele como personagem principal não faltam.

Usando uma forma agressiva de marketing, o nosso protagonista floreou a cidade com placas com seu nome e telefone. “Assine a ‘Istoé’ com o Cazinho – Tel: 9964-2940”, “Revista ‘Veja’ é com o Cazinho – 9964-2940”, “Assine ‘O Pergaminho’ com o Cazinho – 9964-2940”.

Na verdade, a vida do formiguense foi facilitada. Se alguém quer fazer alguma assinatura, é só sair da porta para fora que, em algum poste, estará o nome e o telefone do Cazinho.

Certa vez, quando a Delegacia Regional de Polícia era ao lado da sauna do Clube Centenário, em frente à Estação Ferroviária, formou-se uma grande fila de pessoas que fariam exames de legislação de trânsito.

Vendo aquele povão todo, Cazinho não perdeu tempo. Pegou vários cartazes “Assine ‘O Pergaminho’ com Cazinho – 9964-2940”, um vidro de cola e foi até a porta da delegacia. Entrou em uma sala onde eram feitas carteiras de identidade e pediu uma cadeira emprestada. Atravessou a rua, foi até um vagão que estava estacionado bem em frente e começou a pregar os cartazes. Todo mundo ficou olhando.

__Segure esta cadeira pra mim, pediu Cazinho a um rapaz que teve de colocar de lado um balaio de quitandas.

Enquanto o quitandeiro segurava, Cazinho enchia o vagão de cartazes. Todo mundo olhando.

Quando colocou o último cartaz, Cazinho ouve uma barulhada: “Crão...crac...crão”. Ele quase despenca da cadeira. “Crão...crac...crão”, mais barulho. Ele se afasta e vê que o vagão estava engatado... A locomotiva começa a se mover e vai embora.

Sem graça, Cazinho se volta para a Delegacia para devolver a cadeira e nota que o pessoal que faria o exame está caindo no chão de tanto rir.

Dizem que, no outro dia, lá em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, todo mundo ficou sabendo que um tal de Cazinho vendia assinaturas de um tal de “O Pergaminho”.