Cronicando: Meninos afetados
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cadê o afeto.
A procura de meninos, uns dez afetados...
Quero de volta os meninos afetados
Meninos descalços e joelhos ralados
Quero os meninos de espaços ocupados
Aqueles que tinham os borós riscados
De mães de cabelos arrepiados
Chega de corações vazios
Quero cheios de amor
Nesse espaço pouco ocupado
Essa história de alma lavada
Que depois da briga, agora abraçados
Do rancor e ódio espalhados
Depois da pelada uma fruta roubada
E o rancor e ódio agora apagados
Na algazarra felizes em motim
Despreocupados de exames e do boletim
De memórias coloridas de flores e rios
Ao som de pássaros, cachoeiras e tambores
Quero meninos longe de telas
De luz a cegar o mundo lá de fora
A riscar muro igual aquarelas
Quero meninos à noite debaixo de postes
Brincando de pique sem ver tik-tok
E distância dessas modas que estão em voga
E que digam não às drogas
Quero meninos de afetos abraçados
Com seus vira-latas Dick, Tufão ou Xereta
Quero o afeto, ternura e carinho
Tudo desse mundo e outros planetas
Num carrinho de mão
Ou na garupa de bicicletas
A jogar finca, rouba-bandeira e soltar pipa
Ou pendurado em camioneta
E de tudo que ainda resta
Por mais que este mundo insista
É sair a gritar pro mundo inteiro
traga de volta esse meu moleque arteiro