Brasil X Argentina no Juca Pedro

Na terça-feira desta semana, foi repercussão em todo o mundo as cenas tristes e asquerosas que aconteceram no Maracanã antes e durante o jogo de futebol entre as seleções de Brasil e Argentina, pelas eliminatórias da Copa do Mundo.

Em vários veículos de comunicação, o que se viu, ouviu e leu foi que tudo começou quando a torcida brasileira vaiou o hino da Argentina, só que tudo teve início anos antes.

No Brasil, a influência de canais de televisão no comportamento da sociedade sempre foi muito grande. Ditam modas e impõem de cardápios a sucessos musicais. Todo mundo vai na onda.

Qualquer professor de história ou de antropologia bem sabe que não há o menor motivo para Brasil e Argentina se digladiarem. Os dois países estiveram unidos (com a panca do Uruguai) para massacrar e aniquilar o até então evoluído Paraguai de 1864 a 1870. Os dois países foram colonizados e explorados pela Península Ibérica e depois pelo neocolonialismo norte-americano, os dois foram espezinhados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional),  os dois tiveram sangrentas ditaduras militares, os dois tiveram torturados e desaparecidos, os dois têm miséria vergonhosa e, por fim e para não ficar para trás, a Argentina resolveu ter um Jair Bolsonaro pra chamar de seu.

Com certeza, historiadores do futuro ao analisarem o clima de animosidade que se instaurou irão diagnosticar que tudo começou porque alguns influentes narradores de jogos de futebol, para ganhar audiência, deram de entoar um mantra alegando que “Ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é bem melhor”, como se los hermanos fossem inimigos mortais, o que é extremamente ridículo. Tanto fizeram que deu no que deu. Na Argentina, a rivalidade era com relação ao Uruguai, nunca tiveram nada contra o Brasil, mas agora…

Existia em Formiga uma brincadeira de meninos que era assim: “O que for mais homem cospe aqui”. Para instigar, o mais velho esticava a mão entre dois menores e soltava: “O que for mais homem cospe aqui”, os dois cuspiam, o mais velho tirava a mão, um acertava no outro e a briga começava. O mais velho, assim como os locutores e narradores, saiam de perto e fingiam que não era com eles.

Como o Maracanã de Formiga é o Estádio Juca Pedro e a política do ano que vem promete ser mais acirrada do que um animado FEC x Vila, é bom atinar para o fato de que há quem queira que na política da cidade exista um perigoso “O que for mais homem cospe aqui”. Brasil x Argentina vai ser fichinha