Mundo mulher

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Ontem, dia 8 de março, foi o Dia Internacional da Mulher, uma data comemorada e festejada pra tudo quanto é canto, motivo de matéria em programas televisivos, de dissertação e universidades, de debates em entidades de classe e de discursos inflamados em casas legislativas.

Estatísticas foram motivos de artes digitais em jornais falados e rodas de entrevistas em canais de TV pagos e abertos. Quantos crimes de feminicídio, de preconceito e de salários desiguais entre homens e mulheres aparecem em gráficos e animações. O direito ao aborto foi tema an passant.

Por causa da data, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou em discurso na quinta-feira, dia 7, que as mulheres foram silenciadas ao longo da história. Cármen Lúcia é a única mulher entre os 11 ministros do tribunal.

Em toda a história de 132 anos do STF, ela é uma das três mulheres que já foram ministras. As outras duas foram Rosa Weber e Ellen Gracie. "Dizem que nós fomos silenciosas historicamente. Mentira. Nós fomos silenciadas, mas sempre continuamos falando, embora muitas vezes não sendo ouvidas".

Na sessão especial, o STF colocou em pauta processos relativos aos direitos das mulheres. Entre eles, a ação que questiona o uso, em processos na Justiça, de estratégias de desqualificação e culpabilização das vítimas de crimes sexuais.

Reflexões em igrejas das mais diversas classes e categorias apontaram a necessidade de respeito ao “sexo frágil”, mas sem se esquecer de frizar que o homem é o chefe e cabeça da família, que deve proteger sempre a sua esposa e que “tudo está na bíblia”, é claro.

Por ser o Dia Internacional da Mulher, houve ofertas em combos com vinhos e cervejas em pizzarias, cartões de crédito avisaram prazos especiais e conhecidos magazines anunciaram preços especiais. Em São Paulo, saiu na “Rádio BandNews”, um supermercado anunciou descontos de 30% em detergentes e desinfetantes e de 50% no sabão em pó. Na gôndola de fraldas, um cartaz: “Dia Internacional da Mulher: Leve três e pague duas”.

Uma farmácia de Fortaleza foi generosa ao oferecer 40% mais baixa a aplicação de benzetacil; já em Porto Alegre, um açougue escreveu com linguiças em um balcão frigorífico: “Parabéééénnnssss”. Como Formiga não poderia ficar de fora, desde o início da semana, uma indústria de confecção anunciou a boa nova: suas funcionárias poderiam sair uma hora mais cedo (depois de limpar as máquinas, nada mais justo).