Opinião: TRILHÕES

Eduardo Ribeiro (de Formiga)

Opinião: TRILHÕES
Eduardo Ribeiro de Carvalho é membro da Academia Formiguense de Letras




Trilhões é uma quantidade enorme e chegou a merecer o título desse texto por causa disso mesmo, por ser uma quantidade enorme. Qualquer coisa elevada a trilhões torna-se demasiadamente imensa e, por incrível que possa parecer, eu, em meus pensamentos solitários, porque não dizer filosóficos, me deparei com uma situação em que a quantidade trilhões era, e ainda é, igual a nada, isso mesmo, igual a zero.

Vamos ver como isso se explica isso, daqui a pouco.

Primeiro tenho a necessidade de lhes dizer que nós os seres humanos, estamos cansados de saber que habitamos em um planeta chamado Terra que flutua no espaço sideral, que faz parte de um aglomerado de vários planetas que por força da gravidade giram de forma precisa em torno de uma estrela chamada Sol.

Tudo isso é denominado Sistema Solar.

O sistema solar possui nove planetas que são rodeados por aproximadamente cento e sessenta luas. Só o planeta Urano tem sessenta e sete delas. Já pensaram se a nossa amada Terra tivesse essa quantidade de Luas para a gente ficar admirando à noite. Que maravilha! Só uma já nos causa deslumbre. E por falar em sistema solar, tenho que tecer algumas considerações bem rápidas sobre o astro rei deste lugar, o sol.

 – Ah! O sol. Uma bola imensa, deslumbrante, de fogo, flutuando no espaço sideral, alimentando de energia tudo ao seu redor, e mantenedor da vida aqui na Terra. Ele dista de nosso amado planeta, cerca de cento e quarenta e nove milhões e seiscentos mil quilômetros e, pasmem, seria possível colocar dentro dele um milhão e trezentas mil terras.

Realmente tudo no universo é extremamente grandioso.    

Dito isso, e continuando com o nosso assunto, sabemos também que esse aglomerado está junto a outros sistemas semelhantes, formando um imenso conjunto de estrelas chamado de Via-Láctea e que fazem parte de nossa galáxia, que é um conglomerado formado por milhões e milhões de astros celestes e dizem os entendidos da área, cientistas do Cosmo, que existem bilhões de galáxias contendo bilhões de estrelas. 

Agora, vamos voltar à nossa terrinha, que é um belo planeta, não muito grande em relação a muitos por aí, redondinha, azul, vista do espaço. Os primeiros a constatar a cor azul da Terra foram os astronautas que viajaram para a lua há décadas passadas, e agora também, pelos astronautas modernos que viajam para a Estação Espacial Internacional. Muito bem, pisando em chão firme eu fico impressionado como a maioria das pessoas não ligam para esses assuntos planetários e interplanetários. Parece que ninguém, pelo menos as pessoas com as quais me relaciono, não tocam neste assunto, falam de tudo: de política, de internet, esporte, de economia, religião, e principalmente das outras pessoas. Nunca ninguém chega perto de mim e diz: nossa, hoje eu fiquei pensando, a terra é redonda e a gente não sabe de que lado dela a gente vive, se é em cima, se é do lado, se é embaixo, e o que é impressionante a gente não cai. Ninguém chega perto de mim e diz: você imagina caro amigo, que a terra gira em torno de si mesma num movimento chamado rotação, alcançando a velocidade de cento e sete mil quilômetros por hora e  nós não sentimos o movimento da terra, por causa de uma lei chamada lei da inércia, ou seja, quem, está na superfície da terra, gira junto com ela na mesma velocidade e na mesma direção, agora, se a terra parasse de girar de repente, aí sim, tudo que está em sua superfície sairia voando espaço a fora, na mesma velocidade já citada antes. Ora, a terra também gira em torno do sol num movimento chamado translação, numa velocidade impressionante de cento e sete mil quilômetros por hora e que além do mais, tudo isso, ou seja, todas as galáxias juntas embrenham-se vazio afora, numa velocidade de duzentos e quarenta quilômetros por segundo, o que dá uma velocidade total de aproximadamente de oitocentos mil quilômetros por hora. Pois é, quase ninguém se importa com isso. É certo que todo esses inimagináveis movimentos, não causa o menor efeito para os moradores do planeta, sentimo-nos como se tudo estivesse parado na maior calma possível.

Talvez seja por isso que ninguém se importa.

Mas, por falar em espanto a próxima situação que irei explanar é de espantar mesmo, contudo, quem liga para isso também? É sobre o espantoso, assombroso e incomensurável espaço sideral que todos já sabemos é infinito. Eu quando mais moço, perguntava, infinito como? Não tem um muro lá na frente! E sempre me davam a mesma resposta: e depois do muro o que vem, mais espaço vazio. Dizem que o ser humano é altamente inteligente, contudo, sabemos também que quem disse isso não passa de um ser humano. Verdade é que somos inteligentes sim, o que fazemos em todas as áreas é realmente admirável, porém, não vou citar aqui as proezas humanas que fica para uma outra ocasião. Porém, o ser humano é dotado de um pensamento lógico que é de grande valia para tudo. Tem coisa que tem lógica, ou seja, é possível de ser realizada e tem coisa que não tem lógica, ou seja não é passível de ser realizada e a infinidade do espaço sideral agride a nossa lógica severamente, não é passível de existir, contudo existe.

Senão vejamos: imagine você que exista uma nave espacial indestrutível, provida de bateria inacabável e que também possa desenvolver a velocidade da luz, que é de duzentos e noventa e nove milhões, setecentos e noventa e dois mil e quatrocentos e cinquenta e oito metros por segundo, o que dá aproximadamente um milhão de quilômetros por hora, e que essa nave partisse rumo ao espaço vazio em qualquer direção possível, norte, sul, leste ou oeste.

Aqui é que entra os trilhões dado ao título desse artigo e a comprovação do que disse no início, que neste caso um trilhão é zero. A nave vai percorrer trilhões de quilômetros e não vai chegar a lugar algum. E a nave vai continuar o seu caminho, pois como falamos é indestrutível, possui velocidade da luz e tem bateria inacabável, e ela percorre mais um trilhão de quilômetros, multiplicados por mais um trilhão de quilômetros, multiplicados por quantas vezes o leitor quiser e sabe o que vai acontecer: nada, ela não vai chegar a lugar nenhum e nem vai chegar perto de alcançar o fim do espaço sideral, pois, como todos sabem ele não tem fim, é infinito. Trilhões de quilômetros de distância, como diz o nosso título é igual a zero, não é mesmo.

Que situação hein! 

Mas ninguém liga para isso, ninguém se importa.

Eu, de minha parte, com essa “coiserada” toda, eu somente fico:

Encasquetado, atribulado, apoquentado, encabulado, amofinado, torturado, aflito, angustiado, espantado, atormentado, inquietado.

E também: ansioso, aborrecido, enfadado, triste, infeliz, melancólico, lastimoso, desalentado, consternado, abatido, deprimido, sombrio, lúgubre e etc, etc, e etc. 

Uma coisa de cada vez, é claro.

E você?