Quem sobrar conta a história

Quem sobrar conta a história




O início do século XXI ficará marcado para a história da humanidade como um período em que os sobreviventes merecerão palmas esfuziantes.

Do 11 de setembro nos Estados Unidos à pandemia provocada pelo novo coronavírus, do tsuname no Japão a secas e enchentes no Brasil, de terremotos no México e na Turquia à guerra entre a Ucrânia e a Rússia, de barragens explodindo em Mariana e Brumadinho à guerra entre o grupo islâmico Hamas e Israel. Viver nunca foi tão perigoso.

Com a polarização política que assolou e vem assolando o centro do coração da América do Sul nos últimos anos, o cidadão brasileiro viu sua família se dividir, irmãos se digladiaram e amizades de uma convivência inteira se tornarem cinza de necrotério. Pessoas que antes discutiam e se divertiam com futebol, que há pouco estavam em rodas de piadas em bares e botequins, hoje são desconhecidos ou, o pior, inimigos para sempre.

Em Formiga, há inúmeros relatos de pessoas que se imaginavam cultas e inteligentes em embates ferrenhos de animosidade definitiva. Uma pena.

Discussões políticas, sempre houve. Brigas, uma vez ou outra. Mas o grande problema foi se aflorar pelas redes sociais opiniões que deveriam ficar entre poucas paredes. Pessoas que jamais estariam na linha de frente de qualquer batalha se portaram na imaginária trincheira de telas de tablets e celulares imaginando uma impunidade inexistente. Se deram mal e hoje só convivem com os seus tristes, inconsequentes e desajustados semelhantes.

Em 2024, haverá eleições municipais e já dá pra ver e identificar gente querendo briga, divulgando fake news e prometendo xingar a mãe do outro. Guerras, tsunamis, pandemias, terremotos, secas, enchentes e eleições. No fim, os sobreviventes merecerão palmas esfuziantes.