Crônica: Pagar o pato

AC de Paula (de São Paulo/SP)

Crônica: Pagar o pato
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Pouco atenho-me às notícias de caráter político da atualidade, cansei de assistir sempre o mesmo filme. Vai (des)governo vem (des)governo e nada muda, exceto às vezes os inquilinos do palácio presidencial, que na realidade são erroneamente chamados de inquilinos, visto que na verdade nada pagam por dita cuja ocupação temporária, os eleitores, na verdade, é quem sempre acabam pagando o pato!

 

Aliás, fui pesquisar sobre a origem desta usual expressão, "pagar o pato", e para quem também não sabe, como eu não sabia, recomendo a leitura do livro O BODE EXPIATÓRIO, do professor Ari Riboldi, que nos conta que tal expressão é originária de uma história do século XV. 

 

Conta que um camponês passava em frente à casa de uma mulher casada com um pato na mão. A mulher mostrou-se interessada em ter o pato propondo pagar o preço com favores sexuais. No entanto, após o ato consumado o homem não se deu por satisfeito exigindo mais favores, ao passo que a mulher achava que já tinha pago o preço suficiente. 

 

No auge da discussão apareceu o marido, que inteirando-se sobre o motivo da desavença, resolveu pagar ao camponês o resto do valor cobrado e deu-lhe o dinheiro e literalmente pagou o pato!

 

Em resumo, o povo ainda hoje, quase sempre traído em suas expectativas quanto aos candidatos que elege, acaba pagando o pato. Há tempo a palavra mais cantada em prosa, verso, denúncias, e o baralho a quatro é Golpismo 

 

Poderia ser golpe de sorte, golpe de vento ou qualquer outro do tipo, mas não, é sempre um atentado ao estado democrático de direito, e quanto a isso, tanto faz o (des)governo ser de esquerda ou de direita.

 

O protagonismo sempre acaba ficando com a Polícia Federal, a quem cabe prender, até que a justiça decida soltar ou não os envolvidos. 

 

E entre alegados golpes e contragolpes o povo segue invariavelmente ferrado, é um tal de investiga, prende, condena, e solta, e o presidiário de ontem, injustiçado e golpeado dizem uns, bandido e corrupto, dizem outros, vira mártir ou exemplo de lisura, e o então salvador da pátria vira vilão, vai entender. 

 

Quem tem ou não tem razão sinceramente já nem sei mais, só sei que a gente sempre acaba por pagar o pato!