Cronicando: LERO-LERO

AC de Paula (de São Paulo)

Cronicando: LERO-LERO
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Com o tempo a gente aprende que nem tudo está perdido, nada é o fim do mundo, o sofrimento caleja, a alegria existe, que às vezes nada dá certo, nem tudo sempre são flores, que todos temos nossos sonhos, ilusões e nossas dores, fantasias multicores e realidades monocromáticas.
A busca da felicidade não leva a lugar nenhum, é apenas questão de escolha, por isso use o seu livre arbítrio e escolha ser feliz. Não deseje o que nem sequer precisa, antes de reclamar da brisa lembre-se do vendaval. Nem tudo é o que parece, o fogo que nos aquece também pode nos queimar. As pessoas não nos acham tão legais como pensamos que somos. Por isso desça do seu pedestal, antes tarde do que nunca, então caia na real.
A melhor alternativa nunca será a mais fácil, a luz pode vir das estrelas, do brilho do raio da lua ou até mesmo, simplesmente, virá do poste da rua. Como cantou o poeta lá no verso da canção que se escuta por aí, virá que eu vi! Tanta coisa eu vi na vida, que de nada mais duvido, a esperança equilibrista subiu no telhado de vidro.
Só existe um São Jorge pra uma porrada de dragões, por isso é bom que renove sua fé nas orações. Eu ando de peito aberto pois tenho o corpo fechado, nem de longe nem de perto não me faço de rogado. Levo fé na esperança, isso é fato consumado, no rodopio da dança, um bailado sincopado ou um passo de bolero, dois pra lá e dois pra cá, e chega de lero-lero.
Eu, em rio que tem piranha, mergulhar não me atrevo, nem que a vaca vá pro brejo, e se o problema é um prego, martelar sempre cai bem. Eu porém não me entrego aos delírios das paixões, há mistérios escondidos no fundo dos meus porões, meus sonhos e meus receios, têm suas próprias razões.