Cronicando: Filho da outra
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Nasci na beira do porto
de mãe no bordel ao lado
de nome de pai incerto
e dinheiro em trocado
Eu sou filho de outras mães
todas lindas e iguais
fui criado junto aos cães
fazendo porto, meu cais
Imperava a luz vermelha
em canções de lamentos
de gins tintos em groselha
e corpos nus ao centro
O globo gira espelhado
no rosto triste de mães
no meu sempre assustado
em busca de amor e pães
Quando crescer terei faca
afiada na cintura
pois se alguém a toca
lhe farei uma fissura
dia longo se esvaia
vou correr pela praia
com minha mãe sem batom
de linho puro cambraia
tua linda pele marrom