Crônica: ESDRÚXULO
AC de Paula (de São Paulo)

Atenção ao que lhe digo, não pode marcar bobeira, viver é correr perigo, portanto se oriente, não perca a rota e a meta, se vacilar não tem volta, não lamente, é errando que não se acerta.
Para tudo existe um motivo, um propósito, uma razão, de onde menos se espera nunca vem a solução, não importa o tempo e o momento, logo após a tempestade sempre vem o alagamento.
Quando eu me pego pensando em tudo que já vivi, quando ponho na balança vejo que nem tudo foram flores, mas na maiorias das vezes os meus temores, nem tinham razão para existir.
Lá no fundo, bem no fundo, do fundo de cada um, existe um labirinto de lembranças, fatos, coisas e pessoas que não afloram à superfície, continuam secretos e por vezes sagrados.
Tudo depende do prisma pelo qual se observa, o copo pode estar meio vazio ou meio cheio, e o segundo colocado, dos últimos é o primeiro.
Tanta coisa do que se falar e eu aqui sem assunto, sou um dente desta engrenagem, um subordinado do elenco das instituições morais, políticas e econômicas da sociedade.
Aviso a quem quiser queira, que pouco importa o que de mim se comenta ou diz, não me faz ser diferente, incoerente e infeliz, tenho plena consciência dos meus erros e defeitos, sigo a minha diretriz.
Na contramão do refluxo que no cenário se insere, faço um poema esdrúxulo tipo sem pé nem cabeça, meio assim fora de série. Vou misturando palavras do jeito que gosto e sei, sem pesar as consequências, sem regras e sem leis, sem ritmo e sem métrica, ancorado e respaldado pela licença poética.
Eu, no tempo que ainda me resta, quero viver, fazer festa, quero meu canto na rua, e na seresta, um violão, cantando sonhos e flores, as ilusões multicores, versos de saudade e dores, na ternura das canções e, por testemunha, a lua, penso aqui com meus botões.