Opinião: A Maternidade Santa Mônica

Lúcia Helena Fiúza (de Belo Horizonte/MG)

Opinião: A Maternidade Santa Mônica
Lúcia Helena Fiúza é professora aposentada




Nasci no Hospital São Luiz, hoje Santa Casa de Caridade de Formiga, em 1952, no dia do aniversário da cidade. No mesmo dia e horário, nasceu Ricardo Miranda, filho do Seu Sílvio, um funcionário da Rede Ferroviária e colega de meu pai, Seu Coló.

Com a mesma origem, tanto meu pai quanto Seu Sílvio eram de Iguatama, os dois foram amigos a vida inteira e, consequentemente, nós, os filhos, éramos muito próximos. Naquela época em que se usava ter a melhor amiga, eu e Rosemary, irmã de Ricardo, éramos as melhores amigas.

Dona Anamaria, esposa de Seu Sílvio, também foi muito próxima de minha mãe, Dona Cidinha. Foram incontáveis as vezes em que as famílias dividiram os domingos em macarronadas, frangos assados e latas de Tang.

Recentemente, estive com Rosemary em um pesque e pague, passamos uma agradável tarde comentando o quanto Formiga era pequena na nossa juventude. Falamos de tudo, das brigas nos jogos Vila x Formiga, dos desfiles cívicos de 6 de junho e 7 de setembro, Rosemary foi baliza e eu cheguei a subir em carro alegórico carregando uma enorme margarida de papel crepom. Lembramos com saudades das filas do Cine Glória quando ia passar filme novo do Mazzaropi, dos ternos de congado fazendo subir a poeira nas ruas sem calçamento do Bairro do Rosário e dos senhores da sociedade que davam uma de santo pra Deus e todo mundo, mas que ficavam do lado de fora da Igreja Matriz São Vicente Férrer na hora da homilia do Padre Cornélio.

Conversa vai, conversa vem, Rosemary me fez recordar de um acontecimento que ficou guardado por anos em um canto da minha memória. Lembrei-me na hora e acho que é um acontecimento no mínimo curioso.

Como contei, nasci no Hospital São Luiz, naquele tempo, não havia a maternidade em Formiga. Quando alguém nascia, ou era pelas mãos do Doutor Afonso Henrique Braga, no hospital, ou em casa por meio de parteira. Um antigo sonho era a cidade ter a sua maternidade digna e bem estruturada. Demorou, mas ela veio.

Quem organizou, trabalhou e promoveu campanhas para que a maternidade fosse erguida foram senhores com o sobrenome Barbosa, uma das famílias mais generosas, gentis, inteligentes e queridas que conhecemos. Poucos amaram e tiveram orgulho de ser formiguenses como os Babosa.

Depois de anos de sonho e trabalho, foi marcada a data de inauguração da maternidade que seria batizada de Santa Mônica. Era meados dos anos 1960 e tudo ficou pronto.

Para melhor simbolizar o acontecimento, a direção da maternidade teve a ideia de mapear as mulheres grávidas da cidade. A primeira criança do sexo feminino que nascesse, queria a direção, deveria se chamar Mônica. Dias depois, nasceu a filha de um comerciante de materiais de construção. Como o nome já havia sido escolhido, Vyrgínia, a família não quis mudar. A segunda que nasceu foi Josiane, irmã de Rosemary, que foi quem escolheu o nome. A família também não mudou

Foi só na terceira tentativa que deu certo. Um casal que mantinha um comércio de material escolar na Rua Barão de Piumhi se sentiu sensibilizado e deu o nome de Mônica à sua linda garotinha que acabara de nascer.

Como em tudo que acontece em Formiga, sempre há uma história muito interessante para contar.