Crônica: Com muita humildade

Um dos grandes problemas que os jornais diários do interior enfrentam é com relação à formação de mão-de-obra. Como não são muitos os jornais distantes dos grandes centros, menos ainda os que têm gráfica própria e muito menos ainda os que são diários, cada veículo de comunicação é obrigado a treinar seu pessoal, formar cada um de seus funcionários. E com “O Pergaminho”, o diário formiguense, não foi diferente.

Quando adquiriu a sua primeira impressora off-set, em meados dos anos 90, o jornal começou a procurar profissional para operar a máquina. Mas quem falou que havia gente com experiência disponível na cidade? Necas. Era preciso achar alguém que quisesse aprender.

Em uma certa manhã, aparece na direção do jornal um jovem rapaz (muito jovem mesmo) dizendo que queria trabalhar e que não tinha medo de máquina. Estava disposto e com boa vontade. Ele era Érick Márzil.

Chefe de redação naquela época, Paulo Lima (que é hoje competente e festejado professor do Colégio Anglo) acreditou no jovem rapaz (que era muito jovem mesmo) e solicitou a sua contratação.

Para que a off-set pudesse funcionar, “O Pergaminho” mandou vir um impressor da cidade de Arcos para que ele ensinasse a profissão a Érick.

Passados uns dias, o jovem rapaz vai à direção do jornal:

__Acho que a gente já dá conta. O único problema que tem “O Pergaminho” é com relação à humildade. Quando o jornal chega e é depositado na gráfica, só a humildade está atrapalhando. O resto tá dominado.

__Que humildade que nada. Aqui é um jornal independente e destemido, não tem nada de humildade não, reclamou Paulo Lima.

__Tem sim. Se a gente não embrulhar bem o papel com plástico, ele fica cheio de humildade e a máquina não roda.

Paulo Lima notou que o que o jovem Érick queria dizer é que, se o papel ficasse exposto à umidade, ele ficava difícil de rodar na off-set e que, para isso, seriam necessários maiores cuidados. Até hoje, Érick, agora profissional eficiente e experiente, sofre com a brincadeira dos colegas.