Opinião: Portas abertas
Anísio Cláudio Rios Fonseca (de Formiga/MG)

Caráter ainda rende muitos frutos, mesmo nos dias de hoje. Confiabilidade também. Sem querer fazer propaganda, mas já fazendo, estou falando disso devido a um projeto que nosso departamento iniciou no final do ano passado. É de conhecimento de todos os leitores deste querido diário que o laboratório de mineralogia do UNIFOR-MG, o qual leva o meu nome (e ainda estou vivo!!!), tem recebido inúmeras doações de amostras para seu acervo e também de algum material didático. Através de contato com pessoas que nunca vi na vida, as mesmas colocaram suas instituições ao nosso dispor para enriquecer ainda mais nossa instituição, e até pesquisadores isolados o fizeram.
A questão que quero levantar aqui se refere ao fato de que, através de informações fidedignas e real interesse, inúmeras portas podem ser abertas sem muita burocracia. Nunca tive dificuldades com isso, já que me expressando com sinceridade e seriedade, acabo por convencer muita gente das reais intenções por trás dos meus argumentos. Isso, com certeza, aprendi com meu pai; notório sanfoneiro vindo da região de Paneleiros e homem de caráter e vivência de dar inveja! Num mundo decadente em transição, onde a inversão de valores acomete todos os setores das relações humanas, é espantoso notar que, na maioria das pessoas, ainda existe um profundo desejo de que a honra e a dignidade voltem a ser a tônica da existência de qualquer ser vivo.
Hoje presenciamos pessoas comuns aprontando os maiores absurdos contra outras pessoas, como se os seres humanos tivessem sido reduzidos a meros alvos de toda a sorte de infortúnios. Isso parece conseqüência de um estresse que está atingindo o planeta inteiro, agravado pela correria de nossos dias, bombardeio de informações e burocracia crescente. Ora, paradoxalmente, graças aos modernismos da informática, pude concretizar projetos relacionados às minhas atividades docentes, mas sempre me valendo de tudo aquilo que vem do berço: tratar as pessoas com respeito, falar a verdade e, não menos importante, gostar e amar o que se está fazendo.
Aos que se desiludiram com o caos moderno, eu posso dizer que ainda há muita coisa boa a ser explorada, ainda existe um desejo muito grande nas pessoas de que, pelo menos os valores que nos mantém longe da barbárie, voltem a ser como antes. Nada é mais eloquente que viver na inocência. Viver intensamente, passando por cima dessa depressão miserável que assola as pessoas porque nosso meio anda vulgarizado e fútil. Quem tem que fazer valer nossos valores somos nós mesmos, diminuindo a distância entre nós e agindo como aquilo que nascemos, seres humanos dotados de livre arbítrio e com capacidade de interagirmos uns com os outros para o bem comum. Não quero parecer utópico ou idealista, apenas estou discorrendo sobre fatos que acontecem comigo, relacionados com pessoas tão distantes e que se baseiam simplesmente em educação e berço. Com certeza, o número de pessoas sérias e bem-intencionadas é bem maior que o resto, bastando procura-las para encontra-las. Não há portas fechadas que resistam ao bom-senso, verdade e humildade.